Por José Norberto
Esse ano de 2024, diferente dos outros que passaram, traz motivos especiais para serem festejados. A começar pelos Cinquentenário do Festival de Inverno de Itabira, ininterruptos. Isto, só, justificaria as honrarias de um propugna a ser um município cultural, devido as suas evidências artísticas, criativas e culturais.
Essa efervescência cultural conspira a favor e dissipa por todo o munícipio, contagiando a todos e todas.
Flui por todos os lados, cantos e recantos, envolvendo os arredores, distritos e quilombos.
Ai, quando atingem os quilombos, pedimos uma pausa, para saudar o Quilombo Morro de Santo Antônio.
O primeiro quilombo intitulado por ter suas terras certificadas e num estágio de titularidade de suas terras. Esse é mais um detalhe da importância deste quilombo. Mas o motivo principal dessa festividade programada para acontecer na Comunidade Quilombola está relacionada à comemoração da Matriarca Maria Gregório Ventura, a popular dona Tita. Uma mulher negra, simpática, mãe, avó, carismática e hoje, uma boa vivã.
Tita não poupa o seu sorriso acolhedor e aberto aquém bate em sua porta, sempre disposta para uma boa prosa. Essa senhora que ao primeiro olhar duvida da idade, quando diz que está completando 100 anos. Um centenário de muitas andanças e histórias para contar para quem tempo para sentar a seu lado e ouvir, enquanto tece um tapete e outro.
Nesse ritmo, passa-se o tempo, bem divididos desde a hora que acorda, prepara o café. “Café bom, café preto, que nem a preta velha”, parodiano o poema Infância de Drummond. O cuidar das plantas e da horta outra atividade que lhe toma tempo na parte da manhã, que encerra na preparação do almoço. Um guisado à moda da casa, que é a associação do chuchu com quiabo, pedaço de carne de boi ou costela de porco, angu, feijão, o tempero feito na própria casa e uma pitada de pimenta para dar um gosto a mais ao tempero. Para abri o apetite, a dona Tita comenta que nunca deixa de lado a pinguinha, costume desde nova que não incomoda e nem atrapalha.
Depois do almoço, a “sexta” complementa a digestão, que estica por sessenta minutos contados sem mais nem menos. De pé, o bordado toma conta da tarde, quando não resolve pescar. Aí a rotina quebrada, o silêncio, a reflexão e o borbulhar dos peixes fazem do retiro, bons momentos de descanso. Enquanto isso, as fisgadas dos peixinhos aproveitadores de belisco em belisco, vai bicando as iscas até que num determinado momento ela consegue fisgar um lambari e aí não para mais. Final da tarde, o bornal carrega uma dúzia de lambari, que dá para fazer um bom tira-gosto e alegrar a prosa da noite. E assim vai o dia que se encontra com a noite, que convida para apreciar a noite e aguardar o novo dia raiar.
José Norberto