Por Carlos Cruz – Já pelas primeiras apresentações musicais da extensa programação do 50º Festival de Inverno, em sua 49ª edição, já que em 1985 “pularam” esse grandioso evento cultural que teve início em 1974, dá para antever a qualidade da agenda cultural que se estenderá até 21 de julho.
Foi assim que o público aplaudiu e participou ativamente do tributo que amigos artistas fizeram ao cantor e compositor Nandy Xavier, falecido na tarde de sexta-feira (8) de março, aos 61 anos, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC).
O público teve também participação ativa no performático show de Ana Canãs, reinterpretando inesquecíveis e atualíssimas canções de Belchior com forte emoção, entre outras canções de sucesso de sua bem-sucedida carreira artística, na quinta-feira (4), na concha acústica Norberto Martins, no Pico do Amor.
Pode-se dizer que tão bom quanto o primeiro grande show foi também o segundo, na noite de sexta-feira (5) deste já não tão frio inverno itabirano, com abertura da noite cultural com a cantora Ariella Torres, com o show “Se segura, malandro”.
Maria Rita, sem qualquer concessão, comprova com toda naturalidade que quem herda não furta. Ela já é um dos grandes nomes da música brasileira. Também pudera: é filha do maestro e arranjador Cesar Camargo Mariano e da sempre eterna Elis Regina. Não só por isso, mas sobretudo pelo seu reconhecido e aplaudido talento natural.
Ana Cañas reinterpretou clássicos de Belchior entre outras canções na concha acústica Norberto Martins, no Pico do Amor“Qual é o problema de ela ter a voz parecida com a da mãe?”, perguntou o artista plástico Genin Guerra, após o show da cantora na reformada praça do Areão, que teve o seu arco e locomotiva restaurados. “Nenhum. Sorte nossa que temos a filha da Pimentinha como cantora”, respondeu o sempre atento musicalmente artista itabirano.
Para a filha cantora, o início da carreira não foi fácil, justamente pelo peso da herança atávica musical. Tanto que relutou em seguir a carreira artística dos pais, tendo, aos 16 anos, mudado para os Estados Unidos, onde estudou comunicação social e Estudos Latino-Americanos, na Universidade de Nova Iorque. Ao retornar ao Brasil, estagiou na Revista Capricho.
Foi só anos mais tarde, em 2001, aos 24 anos que Maria Rita começou a cantar profissionalmente. Hoje ela é sem dúvida mais um ícone da música brasileira, como o público pôde constatar com o seu grande espetáculo em Itabira. O Samba de Maria, nome do espetáculo, foi sucesso não só pelo repertório, mas também pela performance da cantora e dos talentosos músicos que a acompanharam.
Maria Rita mostou, em mais um show, o porquê de ser reconhecida pela crítica especializada com uma das maiores vozes intérprete do samba, uma das melhores representantes da voz feminina de sua geração da música popular brasileira.
Consciente da realidade e engajada politicamente, Maria Rita manifestou seu apoio à luta pelos direitos de última geração, muitos duramente conquistados e agora ameaçados pelos negacionistas fundamentalistas. Ela exaltou também a cidade de Itabira pela realização do seu Festival de Inverno, um dos mais longevos e com o maior número de edições de Minas Gerais.
Para ela, investir em cultura é um direito do cidadão, assim como é também o acesso à educação, à saúde e demais serviços básicos que constitucionalmente os municípios têm a obrigação de oferecer. “O prefeito que investe na cultura, tem o meu reconhecimento”, afirmou, em uma de suas muitas interações com o público, que aprovou aplaudindo.